sexta-feira, 26 de junho de 2015

Dezessete (ilusões)

Me senti como uma adolescente que está vivendo um amor platônico, e talvez eu não esteja muito longe disso. Talvez apenas pelo fato de não ser mais adolescente, mas do contrário, me sinto com dezessete anos de novo.
Filmes românticos e livros para adolescentes: receita infalível para um coração semi-partido e que derrete mais fácil que sorvete de fruta no verão.


Há tempos eu não via um sorriso pequeno e espontâneo de alguém, ainda mais quando esse sorriso poderia ser para mim.
Há tempos eu não sorria de volta para alguém. Na verdade, há tempos eu não sorria com facilidade.

Me peguei pensando na pessoa mais improvável do mundo. Uma pessoa que eu não sei o nome, não sei a idade, nem endereço e muito menos telefone. E acredito que eu não descobrirei isso tão cedo. A única informação que tenho dele é para onde ele vai e de onde ele vem, e o horário em que ele faz isso. De resto, são apenas especulações.
  
Talvez seu nome seja Bruno. Ele combina com esse nome. Ou talvez Ricardo. Ou quem sabe, Diego. Não acredito que se chama Rodrigo, muito menos Fabrício. Talvez tenha vinte e seis anos, ou quem sabe vinte e oito. Impossível ter mais de vinte e nove. Talvez more perto de casa, ou quem sabe, do outro lado da cidade. Talvez tenha namorada, ou talvez seja enrolado. Ou quem sabe, solteiro.

A única coisa que conheço dele é seu sorriso.  E que sorriso!
Um sorriso que me fez esquecer a fala no exato momento em que eu o vi. Um sorriso que me desconcentrou a ponto de esquecer o que estava fazendo e o que deveria fazer logo em seguida. Um sorriso que me deixou leve. Um sorriso que me fez sorrir de volta.

Eu me apaixonei como quem está andando e tropeça: sem entender porque e sem saber como reagir.

Como eu poderia me apaixonar por um sorriso? Como eu poderia me apaixonar por um rosto que é apenas... um rosto? Como eu poderia me apaixonar por uma pessoa que eu não conheço?
Não consigo entender como cheguei a esse ponto.

Acordei inúmeras vezes de madrugada, com inúmeros pensamentos e lembranças na cabeça. Por que algumas pessoas insistem em ficar em nossos pensamentos?
Me perguntei se é possível existir alguém pensando em mim, e se esse alguém pensa também se eu estou pensando nele.

Meu Deus! Que mistério é nossa mente e nosso coração.
Me vejo como uma adolescente de dezessete anos pronta para mais uma desilusão amorosa. Mais uma que entrará na lista das desilusões no caderno de lembranças.
Ou talvez essa paixonite sirva apenas de inspiração para um futuro livro de amor.

Mas dessa vez sinto que estou mais madura do que quando tinha dezessete. Talvez seja porque, é como dizem, a água bate tanto que acaba por lapidar a pedra, ou algo parecido. E é bem isso mesmo.

Talvez o amor e as paixões sirvam para ensinar e servir de lição para a vida toda. E não somente para serem vividos.
E sabe qual é a lição? Que apesar de tudo, e apesar de todas as desilusões e dores que um amor pode proporcionar, a vida continua.



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