segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Roteiro



Sorrisos, olhares e acenos, contracenando com cara fechada, olhar desviado, e frieza.
Era tanto detalhe, tanta bobagem, tanta coisa sem sentido, que acabei cansando desse roteiro mesquinho de joguinhos de olhares sem trocas de palavras
Tentei desvendar seus segredos; tentei encontrar uma brecha para descobrir quem era você e o que você queria, mas confesso que caí na minha própria armadilha: você é de lua.

Você não seguiu o roteiro que eu havia feito na minha cabeça. Você não seguiu todas as cenas que eu havia planejado. Poxa, e pensar que eu havia escrito um personagem pensando você!
Eu tinha na ponta da língua todo o roteiro que criei sobre nós dois, e você não seguiu nada.


Algumas pessoas precisam ficar longe do vício para ver se a necessidade dele diminui. 
Comigo foi assim. Precisei ficar longe de você pra perceber que, longe de você, eu ainda consigo existir. 
Longe de você ainda tem a minha vida e a minha rotina e meus pensamentos. Eu preciso ainda escrever mais roteiros de filmes de amor que um dia serão produzidos e farão parte da vida de muitas pessoas.
E você estava me atrasando...

Foram dezessete dias. Dezessete longos dias se passaram desde o dia em que eu dei um basta a todo aquele sentimento que carreguei por você. 

Senti vontade de chorar; senti vontade de voltar a trás, e me iludir um pouquinho de novo; senti vontade de gritar; de sair correndo... E saí. 
Calcei meu tênis, coloquei meu fone no ouvido, vesti uma blusa e resolvi caminhar. Melhor opção que eu poderia ter tomado na minha vida, sem exagero nenhum.
A esta altura do campeonato eu já estava preparada para mais uma desistência de minha parte. Pensei que caminhar seria algo que eu faria por apenas dois ou três, no máximo chorando, quatro dias, e que depois pararia e voltaria a ocupar meus pensamentos com você, mas eis que, para minha incrível surpresa, isto se arrastou por cinco, seis, sete, sábado, domingo e até mesmo no feriado, e hoje já são catorze dias de caminhada e dezessete dias de distância de você, sendo que você esteve tão mais presente nos últimos dez dias, e tão ausente nesse último, hoje.
Hoje fez catorze dias que eu estou caminhando em busca de uma paz que eu não sei explicar, só sentir, e sei que sinto toda vez que respiro o ar das seis da manhã e sinto o sol na minha cara, junto com aquele frio inexplicável e aquela luz solar a queimar meus olhos.
É uma parada chamada endorfina, que eu posso adquirir de graça e não tem nenhuma contra-indicação, e, para ser sincera, não encontrei droga melhor no mercado do que essa. 

A caminhada tem sido minha melhor aliada na luta diária para manter você longe dos meus pensamentos e me manter psicologicamente estável, menos depressiva e menos ansiosa. 
Caminhar sozinha e ouvindo a trilha sonora daquele que era nosso roteiro de filme de amor tem sido minha válvula de escape para as noites mal dormidas, as quais você tem feito parte delas, entrando nos meus sonhos e perturbando meus pensamentos.
Sentir o sol na cara, poder sentir minha respiração, e ainda me sentir mais leve do que nunca. Incrível como pensar mais em mim tem sido algo muito bom.
Minha autoestima continua um pouquinho lá embaixo, mas ela está subindo um degrau por vez e, contando! Hoje senti que minha pele está melhor, mas ontem senti que meu cabelo estava bom. Espero que amanhã eu sinta que meu sorriso é bonito, e depois que eu perceba que eu não sou tão bostinha assim. Até que finalmente chegue o dia em que eu recupere toda a minha segurança, confiança e amor, que, por algum motivo e descuido eu deixei perder no caminho, enquanto seguia você.

Dezessete dias sem você, e catorze dias caminhando em direção oposta a sua. E eu espero que este número só vá aumentando, cada vez mais e mais, até que eu esteja milhões de dias longe, definitivamente, longe de você. 

E que eu possa escrever um roteiro diferente para a nossa história.



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