domingo, 20 de março de 2016

Outono



O calendário não está mais fixo, ou sou eu quem não reparo mais nele?
A vida tornou tudo tão difícil. Difícil de ver. Difícil de ser. Difícil de parar. Difícil de observar.
Percebi que de repente me perdia nas fases da Lua, e esqueci das diferenças entre elas. Esqueci de como olhar para o céu depois de um dia pesado pode ser aconchegante. Ou de como as estrelas parecem acalmar o coração.

É Outono. Vinte de março e é Outono. Se eu ao menos lembrasse que Fevereiro teve um dia a mais...

Outono para mim é comum. Não faz frio, mas também não faz calor. Não dá para usar short, mas também não dá para usar casaco. Não dá pra dormir com ventilador ligado, mas também não é necessário edredom. 
As folhas caem, mas também tem flor que resolve florescer. 
Os lenços saem do armário e pulam para o pescoço, e o batom vermelho não sai mais da boca, nem em casa. 
Faz frio, e chove. Chove e molha tudo. 
Dá pra colocar o colchão no chão da sala e assistir um filme com o cachorro do lado, debaixo da coberta, sem levar xingo, afinal, "É Outono!". E no Outono pode tudo.

Pode chorar, pode rir, pode sentir saudade. Pode ficar com dor de garganta e chupar sorvete. Pode ficar na cama até meio dia. E pode se apaixonar.

Foi no Outono que me apaixonei. Era como se fosse para aquecer coração.
Aquecer o coração em dias chuvosos, onde o sorriso dele aquecia meu corpo e acalmava meu coração e me fazia caminhar lentamente, aproveitando o seu sorriso, e me ensopando ainda ais com a chuva.
Mas tudo bem. Era ele. Era o sorriso dele. Era Outono. E no Outono, pode tudo.

E pode tocar Firestone, como trilha sonora de nós dois. Apesar de que, de nós dois, ninguém nunca vai saber de tudo.




Que seja doce. E que cada "folha caída do Outono possa marcar um novo caminho".

Que seja doce. Que seja Outono.


E sobre o primeiro dia do O u t o n o:



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