quinta-feira, 21 de julho de 2016

Dia cinza

Planejei acordar tarde.
Planejei não comer carne.
Planejei não reclamar.
Planejei sair.
Planejei não chorar. 

Planejei só, porque não foi isso o que aconteceu. 

É o sono que desaparece; a comida que cheira bem; as coisas que dão errado; os rolês que são desmarcados; e aquela imensa vontade de soltar a mão do volante, fechar os olhos e esperar pra ver onde tudo isso vai acabar.
Às vezes só dá vontade de sumir. 
Será que planejar isso dá certo?

Hoje foi um daqueles dias que uma sensação estranha rolou desde que o relógio virou para 00:00h.
Hoje foi um daqueles dias que eu abri os olhos e pensei: "Poderia não estar aqui.", mas não dava pra fugir no meio da madrugada. 

Quis dormir até tarde, mas era sete da manhã e eu estava acordada. 
Quis comer algo diferente hoje, mas o mais próximo que consegui disso foi comer três balas coloridas que ganhei na terça e deixei guardadas. 
Quis não reclamar das coisas, da vida, das pessoas, mas o primeiro pensamento que tive no dia não foi nem de gratidão, mas sim de cansaço. Queria estar longe de casa, longe da cidade, longe das pessoas. Assim, só longe, sem sinal de telefone, sem wifi, televisão ou qualquer outra coisa capaz de trazer comunicação. Queria estar deitada no chão olhando o céu, seja o Sol e as nuvens, ou as estrelas e Júpiter. 
Eu só não queria estar aqui.
Quis sair, e saí. Saí mas a única coisa que eu fiz foi ficar dirigindo por duas horas, indo de um lugar ao outro, procurando um lugar interessante pra ver o céu, pra quem sabe, esquecer um pouco dessa sensação foda que está aqui dentro. Mas ao invés disso, só gastei gasolina. Mas descobri um parque ecológico, uma rua bonita e um novo lugar pra tomar chocolate quente. 
Quis não chorar, mas a música no rádio, a estrada vazia, o sol na cara e as lembranças do dia me fizeram chorar feito criança. Coloquei uma mão para fora da janela, mas o que eu queria mesmo era ter colocado a cabeça e ter gritado bem alto, assim, só pra esvaziar "aqui dentro". 
Queria ter fechado o olho, mas ao invés disso segurei firme no volante e respirei fundo.
Chorar pra quê?

O dia foi uma bosta, e é nesses momentos em que eu me recordo daquele aprendizado de um filme americano (que estou levando por toda a minha vida): "Você precisa ter dias ruins para valorizar ainda mais os bons."
Queria reviver uns dias de novo, e de novo, e de novo...

O dia foi ruim, mas tive alguns privilégios.


Gata na árvore, uma rua bonita, chocolate quente com pão de queijo - sendo que um caiu no chão -, pássaros que apareceram de repente no céu, um sol entre nuvens que me fez esboçar um sorriso, e essa lua, que me fez esquecer dos imprevistos por um instante.


Lembrete: Valorizar os dias bons.

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