Eram seis da manhã quando o rosto dele veio à minha cabeça.
Acordei no susto. De novo?
Há dias atrás disse pra mim mesma, entre lágrimas e águas, que não deixaria esse sentimento tomar conta de mim novamente. Mas quando a mente resolve brigar com o coração, sempre um sai perdendo.
E nesse caso sabemos qual.
Mas, hoje foi diferente.
E deve ser a décima vez em menos de vinte dias que eu digo que hoje será diferente, e acaba por fim nunca sendo. Mas hoje foi.
Acordei no susto e sem reação, que passei mais de uma hora com os olhos estáticos deitada na cama olhando para o teto. Uma hora. Uma hora perdida de sono, caminhada, e de liberdade.
Uma hora presa em meus pensamentos, e parecia que ia ser assim o dia todo.
Mas hoje seria diferente.
Respirei fundo e decidi que voltaria a viver a minha vida como ela era antes de conhecê-lo. Evitaria ficar olhando para o relógio a cada minuto para vê-lo; evitaria ficar pensando em seu sorriso; evitaria me preocupar e evitaria olhar.
Às vezes sinto que me apaixonei por causa da rotina.
Parece que somos feitos de rotina. Assim como horário de verão. No começo é meio difícil, mas depois a gente se acostuma, e quando menos percebe, já foi.
E eu espero que seja assim comigo. Ir deixando um pouquinho, todos os dias, ele de lado. Ir deixando ele passar e não me ver; ir deixando ele ir e voltar; ir deixando ele acordar e dormir... Ir deixando ele lá, e eu aqui.
Consegui vencer o primeiro dia e estou confiante para o segundo, para o terceiro, quarto, quinto... E para conseguir seguir minha vida de novo.
Hoje eu deixei ele guardado na minha caixinha de recordações.
Espero não abri-la tão cedo.
Espero não abri-la tão cedo.
Foto de cemitério para concretizar o enterro desse amor. :)