segunda-feira, 27 de junho de 2016

Olho no Olho

Se tem uma coisa que tenho mais valorizado nos últimos tempos é, sem sombra de dúvidas, conversar com as pessoas. Mas, assim, cara a cara, olho no olho, sorriso por sorriso.
Percebi que aos poucos, mas gostaria que fosse muito, tenho me distanciado de redes sociais e aplicativos para conversar. Tudo bem que é super divertido você ficar horas e horas ou varar a madrugada conversando com uma pessoa que você gosta, mas nada, nada, extremamente nada se compara à sensação de estar lado a lado conversando sobre coisas aleatórias.

Dias desses me perdi no tempo conversando com uma pessoa que o assunto simplesmente não acaba. 
Vocês já conversaram com uma pessoa assim? É sensacional! Você pode conversar sobre cachorros, estrelas, coisas antigas, leite quente, dinossauros, Egito, e ainda assim, conseguir rir de tudo. 
E quando o assunto acaba,  não fica aquele silêncio constrangedor.

Pessoas assim são sensacionais.

Eu vi, uma vez, há muito tempo atrás, em uma pizzaria, um casal de namorados sentados esperando seu pedido chegar. O ambiente estava tão agradável, com aquelas luzes fraquinhas que criam um ambiente tão legal e aconchegante. Mas eles pareciam não estar no clima.
Eu não entendi o porquê, mas eles simplesmente não conversavam. Não se olhavam. Não riam. Não parecia ter intimidade. Ou no mínimo, vontade. Era um olho no celular, um comentário aleatório entre si, uma risada de leve, e olho na tela, ao invés de olho no olho.
Não consigo entender isso. Você se dispõe em sair de casa para se encontrar com uma pessoa, e simplesmente não aproveita o momento. Ainda mais se tratando de inverno.

Eu detesto sair no inverno. Ter que tomar banho correndo, trocar pijama quentinho por uma roupa não tão quentinha, secar cabelo, e passar maquiagem, e isso, e aquilo... Mas quando a companhia vale, tudo vale.

Dias desses eu saí com uma pessoa, dessas que a conversa não acaba, e sempre parece tomar um rumo diferente a cada frase. Deu pra juntar egípcios, dinossauros, comida vegan e leite quente com chocolate em um mesmo período. Foi uma sensação gostosa.
A pessoa, a companhia, o lugar, a conversa.

E sem celular. Olho no olho, risada, riso, bola fora e papo vegan. 
Não precisava deixar o wi-fi ligado. Não precisava deixar o celular em cima da mesa. Não precisava deixar a tela virada pra cima. Não precisava. Tudo simplesmente fluía como deveria.
Pessoas assim poderiam ficar pra sempre na minha vida. Mas, né.

Eu sinto falta de gente assim. Gente que se dispõe em sair para conversar. Gente que topa olhar no olho e dar risada, gargalhada alta e incontrolável. Gente que troca cinco horas de conversa em um aplicativo por meia hora num lugar conversando juntinho. 
Eu gosto de gente que ri alto, ao invés das que escrevem "HAHAHAHA". 
Eu gosto de gente que deixa o celular guardado enquanto conversa.
Eu gosto de gente que faz a gente esquecer da hora.
Eu gosto do calor do corpo, e não do calor da bateria do celular esquentando a mão de tanto usar.
Eu gosto do toque na pele, e não na tela do celular.
Eu gosto de perguntas respondidas, e não de mensagens visualizadas.

Eu gosto de gente presente. 
É tão bom. ♥

Espero continuar assim, me aproximando cada vez mais de gente presente, e me afastando cada vez mais de gente online.




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