Nunca fui boa com despedidas. Na verdade, acho que ninguém nunca foi, ou nunca conseguiu ser.
É aquela sensação de saudade, misturada com um "Até logo!" sem data prevista para voltar.
É aquela incerteza de "Será que volta?", junto com "Quanto tempo sem se ver?", e uma dose cavalar de "Será que vai se esquecer?".
E o mais cruel de todos os clichês... "Como vai ser?"
Muitas pessoas chegaram e partiram ao longo de todos esses anos. Umas chegaram de repente, outras tão tardias. Alguns partiram no susto, e outras com o tempo.
Algumas pessoas deixaram saudades, mas outras, não fazem falta.
Dizem que os sentimentos não dependem do tempo.
Mas que a saudade é uma coisa que o tempo molda, isso é verdade.
As despedidas dos livros de romance e dos filmes de 105 minutos são completamente diferentes das despedidas da vida real. Não tem estação de trem, música ao fundo, flores, presentes ou promessas do tipo "Pegue minha pulseira e fique com ela. Vou voltar para buscá-la".
É tudo muito diferente da vida real.
Não estou preparada para despedidas. Na verdade, estou cansada delas.
Não costumava a ir no último dia de aula da faculdade, nem no último da aula de Inglês. Raramente topava ir em festa de despedida e nunca curti velórios. Para ser sincera, sempre preferi enterros.
Um abraço, um beijo, uma história louca para contar, uma gafe, ou um carão.
Uma boa lembrança, um dia de sol, ou uma noite fria.
Aquela festa ridícula, aquele lugar bosta, ou aquela pizzaria incrível.
Mais um abraço, mais um beijo, e um "Tchau. Vou sentir saudades".
Nessa hora pode voltar chorando para casa? Porque, parece que não pode chorar na hora, não é mesmo? Chorar e demonstrar sentimentos é cafona. Chorar nesse caso, e em todos os outros, parece aquele sinal de fraqueza.
Será que não pode chorar por sentir saudade? Será que não se importar? Será que não pode demonstrar mais nada?
Não. É cafona, né? Vamos continuar a ser insensíveis em uma sociedade mais insensível ainda. 💔
Quando uma pessoa se despede e vai embora, sempre fico olhando para ela e pensando em quando vou vê-la de novo. Mais cinematográfico ainda é ficar no carro observando a pessoa sumir diante dos olhos. Sempre esboço um sorriso quando digo "Tchau", e sempre suspiro quando a porta do carro é fechada, ou quando viro a esquina, ou entro em casa. Sempre.
Quando estou em uma despedida, sempre me pego encarando a pessoa, olhando seu rosto e tentando gravar cada detalhe que me faça lembrar dela. É engraçado e às vezes chega a ser ridículo, mas eu gosto assim. Assim como fotos. Sempre saio esquisitas nelas, mas gosto porque são, de um jeito ou de outro, uma forma de nunca se esquecer de um momento.
Uma vez uma pessoa foi embora e eu nem ao menos me despedi. Consegui apenas mandar um email e um sms despedida, ao choro, dizendo o quanto ia sentir saudade e o quanto me arrependia de não ter ido no "encontro". Puta, cara. De fato fui tola.
Ouvi dizer que quando a gente não diz o que sente, o outro vai embora sem saber que talvez devesse tentar ficar, talvez não fisicamente, mas ficar do jeito que está. ♥
Ouvi dizer que quando a gente não diz o que sente, o outro vai embora sem saber que talvez devesse tentar ficar, talvez não fisicamente, mas ficar do jeito que está. ♥
Então, desse dia em diante, prometi a mim mesma que não deixaria de ir em despedidas. Inclusive em enterros. Irei sim, dar aquele carão de chorar, de abraçar, de dizer clichês de que sentirei saudade, de esboçar sorrisos e suspiros de pesar ao ir embora.
A vida é curta demais para fingir que não vai sentir saudades.
A vida é curta demais para não despedir com calor. E amor.