Eu não sei como explicar isso de outra forma a não ser da seguinte maneira: eu me joguei de cabeça numa coisa, e depois não soube voltar.
A cada passo que eu dava, mais fundo eu ia, e é como dizem: quanto mais fundo, maior o empuxo.
Me envolvi em um relacionamento amoroso, e tudo foi tão incrível quanto a decepção de ser chutada e traída.
A vulnerabilidade emocional às vezes anda tão a flor da pele que nos leva a caminhos que nem um dia foram cogitados a rolar.
Saí de um relacionamento e engatei em outro tão rápido que eu jamais imaginei que seria possível isso. Que também foi incrível, mas terminou de modo trágico: mentiras e um perfil no Tinder.
Decepção.
Superar uma decepção amorosa nunca foi problema pra mim.
Mas eu deveria ter feito isso sozinha, e não com outra pessoa.
Foram três anos juntos.
Tantas coisas aconteceram, e eu já quis largar o barco tantas vezes... Até que Deus me puxou pra fora dele.
E é isso.
O amadurecimento me fez perceber que quando a gente quer muito uma coisa e não consegue fazer, Deus, em sua soberana misericórdia e amor, faz por nós.
E se você não acredita nisso, tá tudo bem.
Eu explico de outro jeito: O Universo se encarregou de me colocar de volta onde eu deveria estar.
Tudo era gostoso, bom, agradável.
Mas de uns tempos pra cá, eu me sentia assim: perdida. E sozinha.
Sozinha de mim. Com saudade de mim.
Aos poucos ficar sozinha comigo mesma não era tão bom quanto antes.
O motivo? Eu mesma já não me reconhecia mais.
Eu já não era eu há muito tempo!
Estar sozinha comigo era como estar sozinha com um estranho.
O que eu gostava mesmo de fazer? O que eu gostava mesmo de pensar, de assistir na tv ou de conversar?
As vezes me via na obrigação de explicar coisas que não queria e nem deveria explicar.
As vezes me via na obrigação de sair, quando na verdade eu estava louca pra ficar em casa e assistir um desenho no Tooncast.
As vezes eu só queria ficar ouvindo minha música preferida no fone de ouvido depois da faxina.
E eu não fazia nada disso.
A minha essência... Era como se, sei lá, ela estivesse indo embora, sumindo, se perdendo de mim.
Não sorria como antes, não pensava como antes, não falava como antes, nem dançava, cantava ou tinha prazeres como antes - e isso não foi resultado de amadurecimento, mas sim de regressão.
Me vi perdida. Me vi vazia. Me vi triste. Me vi vulnerável. De novo.
A verdade é que eu nunca superei uma decepção amorosa que eu mesma fui responsável por ela.
A verdade é que eu nunca superei o fato de ter deixado a pessoa que eu mais gostei na minha vida ter partido sem me despedir e sem ter dito pra ele o quanto eu sentia algo por ele e o queria por perto.
E quando decidi fazer isso, em Julho de 2013... Bem, era tarde demais. E nada que eu pudesse dizer o faria voltar atrás.
E aí ele embarcou num avião, foi pra Nova Zelândia, e tantos outros lugares, e eu fiquei aqui.
Foram tantos amores nesses sete anos desde que ele se foi, mas nunca nenhum foi tão verdadeiro quanto o dele.
Uma vez um amigo de 62 anos, jornalista e colecionador de amores passageiros (mas só um verdadeiro), me disse que existem dois tipos de amor: o amor da sua vida, e o amor pra sua vida.
Nem sempre o amor da sua vida vai ficar com você, mas às vezes tudo o que você quer é um amor, que acaba por se relacionar com alguém que ama, mas não tanto quanto deveria amar.
Acho que é isso.
É bem assim.
Esses últimos meses foram meses de muitos desafios, muita batalha espiritual, e muita graça e misericórdia de Deus.
Foram meses de crescimento espiritual e pessoal, de descobertas e de muitas dúvidas também.
Mas principalmente, foram meses determinantes para colocar minha cabeça de volta pro lugar, e dar uma nova direção pro meu coração: eu preciso me reencontrar.
E acho que, definitivamente, estou no caminho certo: leve, livre, solta!
E com saudade do amor da minha vida, mas isso é um mero detalhe.
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