Eu vi você.
Ou pelo menos acho que vi, já que agora dei de ver você em todos os lugares, como se estivesse presa em um labirinto, confundindo tudo.
Nem dá pra dizer que reconheci você pelo perfume, porque já se passou tanto tempo, que eu jamais saberia qual era o seu cheiro.
Mas foi pelos olhos.
Sim, era você. Só podia ser você.
Era você. Eram seus olhos.
Seus olhos ali, fixos em mim. Segundos, que pareciam uma eternidade.
Eu os reconheceria mesmo em uma multidão, afinal, não tem como esquecê-los.
Senti meu corpo estremecer, meu coração palpitar, minha mão suar, e poderia jurar que você viria atrás de mim.
Mas, não.
Você não veio.
Você simplesmente se virou, e foi embora.
Senti um aperto no peito, e uma vontade imensa de chorar.
Uma droga você não se importar comigo, enquanto eu ainda faço um esforço físico, mental e emocional diário para tentar esquecer de uma vez por todas tudo aquilo que a gente um dia viveu.
Idiota. Como eu sou idiota.
Voltei meus olhos para o livro. Quem sabe sugar mais algumas páginas não afastaria meu pensamento de você.
Mas, meu Deus, como é difícil esquecer você.
Respirei fundo, mais uma vez, como habitualmente tem sido feito todos os dias, e voltei meus pensamentos para a única coisa que me importa agora: nada.
Mas agora, já nem sei se era você mesmo, ou coisas da minha cabeça.
Que doideira.