Respirei fundo, pela milésima vez.
Com relutância, me olhei no espelho, e lembrei de cada palavra que me disseram.
Me lembrei de cada vez que me falaram o quão incrível, maravilhosa, gostosa, gentil, educada, inteligente, sensível e dedicada que eu sou.
E eu realmente sou.
Mas tem dia (muitos dias) que nada disso importa. Nada disso vale. Nada disso parece ser ou é real pra mim.
Mais uma vez eu caí no fundo do poço, e mais uma vez preciso me levantar dele.
E mais uma vez... sozinha.
Já perdi as contas de quantas vezes chorei nas últimas 48 horas, assim como perdi as contas de quantas vezes olhei no celular para se algo diferente havia acontecido, mas a verdade é que não aconteceu nada, e nem irá acontecer.
Mais uma vez aqui, sozinha, esquecida, abandonada, e deixada de lado.
Nada que eu já não esteja acostumada, não é mesmo, mas chega um momento da vida que a gente acha que vai valer a pena tentar de novo - ainda que esse tentar de novo seja uma merda.
Me peguei pensando em tantas coisas nesse final de semana, mas uma que me deixou bem pensativa foi sobre a morte. Infelizmente, passando os olhos pelos jornais, vi - mais uma - notícia de uma mulher que faleceu na Inglaterra, e o corpo foi encontrado no apartamento depois de um certo tempo, por causa do mau cheiro.
Estava planejando comprar, seriamente, uma chácara no próximo ano, mas ler esse tipo de notícia em um momento de instabilidade emocional, me fez questionar: "Se eu morrer, alguém vai sentir minha falta?".
Meu Deus.
Que questionamento mais insensível e realista.
É bem a minha cara mesmo.
Tantas coisas são a minha cara, como por exemplo, chorar por coisas que não valem a pena, principalmente por pessoas - e mais especificamente por homem -. Assim como ouvir a mesma música por umas dez vezes seguidas e enjoar depois de um mês.
Fiz planos para o fim de ano, e chorar não está na lista de coisas que pretendo fazer, então acho que no final das contas tenho mesmo é que lavar meu rosto, enxugar minhas lágrimas, fazer mais meta de vida, e deixar, mais uma vez, essa história de amor de lado, porque o amor da minha vida não deve aparecer tão cedo.
Eu, toda bonita, engraçada, papo bom, competente, legal, sendo massacrada pelo padrão de beleza cruel criado pela sociedade e pela mídia, o qual você só é bonita se for magra.
Mais um dia me sentindo um lixo, por completo.
Vida que segue, não é mesmo?