terça-feira, 15 de março de 2016

Oito anos

Era sábado, chovia, e o mundo parecia conspirar contra mim. 
Era dor, era drama, era choro. Era um misto de coisas que eu não sabia decifrar o que de verdade era. Era um misto de raiva com surpresa, decepção, e uma pontinha de "Eu já sabia".
Minha primeira decepção amorosa abriu uma cratera no meu peito. Era choro debaixo do chuveiro, na cama, na sala, na aula. Era dor na alma.

O amor é lindo demais. Até a gente descobrir que ele machuca.

Lembro como se fosse hoje quando ele me disse que nós nunca que iríamos dar certo. E que tudo aquilo não passava de um passatempo.
Passatempo ou seria Percatempo
É engraçado perceber que o tempo às vezes castiga. 

Dois anos que se perderam em duas horas, e agora já são oito anos sem ele. Oito anos sem sequer ter uma notícia de um cara que um dia eu tanto amei na minha vida. 

Eram sorrisos, eram abraçados, eram despedidas. Eram saudades, eram ligações, e eram cartas também.

Eram as cartas com as escritas mais bonitas, mais esperadas e mais belas quando recebidas.
Ainda tenho sua última carta guardada à sete chaves comigo. Ela tem um toque de especial, algo diferente. O que é? Juro que não sei. Mas talvez por ela ser a última, tem algo de especial.

Ah, se eu soubesse que seria a última...

Ele se foi, em uma sexta-feira nublada, de chuva e frio, em 14 de Março de 2008. 
Ele se foi, e levou comigo uma parte de mim, dos meus sorrisos e do meu amor.
Ele se foi, e levou meu calor, e deixou seu frio.
Ele se foi, e nunca mais voltou.
Ele era meu amigo, meu ouvinte, meu conselheiro, meu amor. 
Mas eu não era nada dele. Nada para ele.


Passei uma madrugada inteira chorando, e se Lana del Rey e Taylor Swift  estivessem ao meu lado naquele momento, teríamos feito o cd mais vendido do último milênio. 

Sábado, solidão, saudade.
Era eu, o colchão, o abajur, e o silêncio do quarto, e a Lua cheia do lado de fora, com sua luz entrando pela janela do quarto e batendo no meu rosto, deixando a noite mais melancólica ainda. 
Eu precisava desabafar.

Um notebook, uma página e dedos frenéticos escreviam textos sem nexos misturado com lágrimas que não paravam de cair no meu blog. Criei o blog.

Segredo Sujo surgiu em 2008, na tentativa de superar um pé na bunda que até hoje sinto que não superei. Inspirado na música do AAR, Dirty Little Secret, veio o nome do blog. "Let me know that I've done wrong" caiu como uma luva naquela madrugada. O que eu havia feito de errado? O problema era mesmo eu?
Me perguntei e culpei demais, até compreender que o problema não era eu. Nem ele. Era a vida. 
E quando algo não tem que acontecer, não adianta oração, feitiçaria, macumbaria ou oferenda na esquina. Simplesmente não vai acontecer. O que tiver de ser será. E o que não tiver...

Compartilhei no blog inúmeros choros, dramas, amores e histórias melosas na tentativa de aliviar toda essa dor. E, sinceramente? Não deu certo no começo. Mas aos poucos as coisas foram se ajeitando, e eu percebi que só o tempo pode curar as dores do coração.

Não. Mesmo depois de oito anos ainda não estou completamente curada desse pé na bunda. Ainda continuo desconfiada, desacreditada e duvidosa com o amor. 
Ele foi superado, mas a sensação de que, uma hora ou outra, isso vai acontecer de novo, dói.

Oito anos se passaram, e eu cresci neste blog. Aprendi muitas coisas, descobri e me decepcionei com tantas outras. Hoje, ele não ocupa mais meu coração, nem meus pensamentos, mas é válido registrar que há pouco tempo atrás ele ainda ocupava, e demais.
Meu coração já pertenceu a mais um, e outro, e outro. Mas agora ele pertence a mim
Não escolho por quem vou me apaixonar, mas escolho por quem vou sofrer. Clichê, mas aprendi sofrido que é bem assim. 
A gente se apaixona por quem o coração quiser, mas só chora por quem a gente deixar.

Aprendi, ao longo desses oito anos, que não importa como, onde, ou quando, mas sim a maneira como eu vou estar.
Estive chorando, me lamentando, me questionando, e me culpando por muito tempo. Levei comigo um fardo que não deveria, e nem merecia, carregar. Levei comigo uma dor, e uma culpa, que jamais me pertenceram e jamais me pertenceriam. 
Mas, let it go

Aprendi que o amor maior e mais importante de todos é o amor que sinto por mim. Só uma pessoa vai viver a vida inteira comigo, então, é melhor que eu comece a amá-la hoje mesmo. 
Já odiei meu cabelo, meu corpo, minhas unhas, minhas roupas, e minha vida. Hoje, eu amo. Amo meu cabelo, por mais armado e bagunçado que ele esteja. Amo minhas roupas, por mais repetidas que elas possam ser. Amo meu corpo, por mais difícil que seja. Amo, e estou cuidando dele. Meu corpo, meu templo. E amo minha vida. 
É engraçado pensar na vida. A gente só tem uma. E ninguém no mundo tem uma vida igual a minha. 
Minha vida. Mais doida que novela mexicana. Mais sofrida que filme italiano. Mais inacreditável que "O Diário de Bridget Jones".
Como não amar minha vida?

Aprendi a me amar, e compreender tudo o que acontece na minha vida, tentando tirar um aprendizado de tudo isso, por mais difícil que seja. Aprendi também a não desistir de nada, por ninguém. Meus desejos, meus sonhos, minhas vontades.
Não trocar jamais um sonho por uma pessoa. Ou uma lembrança por um desprezo. 
A vida é curta demais para lamentações.



Oito anos de decepções amorosas. Oito anos de dramas. 
Oito anos de histórias de amor. Oito anos de amor.
Oito anos de blog.


E contando...
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