Lá fora faz frio, venta, o céu está vermelho e, aparentemente, irá chover.
Sinto frio, porém estou de camiseta de alça, e short.
Não me importo com o frio que faz. Meu coração está vazio demais para sentir frio ou coisa parecida.
Pinto minha unha de vermelho. Desde os meus três anos adoro vermelho. Vermelho é cor de sangue, cor de ódio, cor de amor, cor de luxo. Vermelho é tenso. Vermelho é intenso.
Tomei um banho demorado, coisa que não fazia há tempos. Sentia a água escorrer pelo meu corpo e nada mais me importava, a não ser pensar em nada.
Thell invadiu meus pensamentos, mas afastei. Nada naquele momento me importava. Nem ele.
Com a porta do banheiro trancada, liguei meu iPod no volume máximo. Minha música preferida, You Found Me, do The Fray, tocava alto. O som da batida da música fazia meu ouvido relaxar. A letra fazia meus olhos lacrimejarem. Lágrimas escorriam, se misturando com a água que caía do chuveiro. Sentia meus dedos murcharem a cada minuto que se passava. Sentia meu cabelo cada vez mais liso, cada vez menos denso, conforme a água ia caindo nele, e o condicionador ia fazendo efeito. Sentia meu corpo reclamar da fervura da água que caía nele, me causando marcas vermelhas por todo o corpo, desde o pescoço, o rosto, as costas, o braço, até os pés. Senti calor. O vapor da água ocupava o banheiro todo, formando uma fumaça no espelho. O vitro da janela estava aberto, me fazendo sentir frio quando ventava lá fora, me causando arrepios por misturar quente e frio. A música se repetia por várias vezes.
Eu estava desligada de tudo.
Sentia minhas pernas tremerem, seus braços ficarem moles e meus olhos ardendo.
Eu me senti fraca, mais fraca do que poderia ter me sentido. Mais fraca de tudo, em todos os sentidos.
Fraca e perdida.
Sei que nem sempre é assim, mas toda vez que sinto que posso ficar bem, sinto que posso ficar mal. Meus pensamentos estão à mil em minha mente. Não sei se o que quero é realmente o que quero. Se o que tenho, é realmente aquilo que preciso.
Perdida e insegura.
É assim que estou. É assim que me sinto. A cada dia que se passa, meu interior está comido, está acabado, está vazio.
Não sei como me sentir, como agir, como pensar, como interpretar, como me recuperar, mas espero, mesmo que demore, para que tudo, tudo, tudo melhore.