terça-feira, 4 de março de 2014

Ilusão

Senti seus lábios tocarem minha bochecha e seus braços me envolverem em um abraço.
Era você ali comigo de novo.


Acordei pela quarta ou quinta vez na noite. Odeio sonhar com você.
Fechei os olhos, na tentativa idiota de voltar ao sonho. Aliás, meus sonhos têm se tornado cada vez mais reais. Sinto seus abraços, seus beijos e seu cabelo no meus dedos. Sinto a sua pele na minha mão, sua barba mal feita e sua mão, forte mas delicada. Parece tudo tão real. Deve ser um golpe da minha mente, me matando aos poucos todas as vezes que tento te esquecer.

Perdi o sono. Já acumulo olheiras, resultado de dias sem dormir direito.
Olho para a janela e para o relógio. São cinco horas da manhã. Eu odeio a insônia que você me causa, mas ao mesmo tempo, gosto. Gosto porque fechar os olhos e imaginar você comigo, sem dormir no meio dos pensamentos, é uma coisa legal.
Parece um pouco de masoquismo, não é mesmo? Afinal, nada do que eu faça ou pense trará aqueles momentos de volta.

Nenhum sonho, nenhum pensamento, nenhuma lembrança será a mesma daquelas sensações que eu tinha quando estávamos juntos. Frio na barriga, mãos suando, coração palpitando e uma vontade incontrolável de sorrir à toa: obrigada por isso.
Sério mesmo. Obrigada, cara.


Levantei-me da cama, procurando meu celular, na esperança de ter, pelo menos, uma mensagem sua. Desde aquele dia que recebi ao acaso um recado seu, acho que a qualquer momento você pode repetir isso de novo. Ah, doce ilusão! Sentei-me por alguns instantes no chão, olhando para a nossa foto, que deixo guardada dentro de uma gaveta. Pois é. Ainda não me livrei dela como disse que me livraria. Impossível não sentir saudade de você.

Senti vontade de chorar relembrando o passado ao revirar as lembranças, mas não chorei, afinal, uma das coisas que você mais me dizia era "Não chore pelo o que não vale a pena". Obrigada por me ensinar isso.

Lembrei de quando você reapareceu dizendo "Eu mudei!", mas aquilo durou apenas alguns dias. E você voltou a ser quem era.

E eu voltei dormir.
Ah, que doce ilusão.


Crônicas de uma Iludida
Parte II


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