sexta-feira, 31 de julho de 2015

Último Dia




Me revirava de um lado para o outro, na tentativa de cansar e adormecer logo. 
Mas era em vão.
Fechava e abria os olhos incontáveis vezes, sempre que meus pensamentos eram invadidos por você. 
Respirava e inspirava fundo, sempre tentando manter o controle. 
E mantive.
Mas não por muito tempo.

Senti meu corpo estremecer e um arrepio imenso tomou conta de mim. 
Meus olhos estavam pesados e minha única vontade era de chorar. 
Eu não queria que fosse assim.
E se eu não queria, então não seria.

Sexta-feira e último dia de um mês. Que dia mais clichê e inspirador!
Resolvi caminhar na tentativa de tirar todo esse peso da minha cabeça.
Eram seis e vinte e dois quando levantei da cama. O céu ainda estava escuro, e pude ver a última estrela indo embora. 
Coloquei uma blusa, um fone de ouvido e sai. Sai de olhos fechados e respiração pesada. Aquele ar fresco entrando nos meus pulmões me fez um bem que você nem imagina. 
A cada passo que eu dava parecia, sem clichê, um passo para um caminho diferente. 
Seis horas e trinta minutos. Só  você para me fazer estar acordada à essas horas da manhã.

Eu pensava em você, mas eu também pensava em mim. E pensar em nós dois me fazia pensar na gente. E acaba por aí. Eu não conseguia pensar em mais nada. Apenas em você lá, e eu aqui. Longe um do outro. Como é, como era, como deveria ser, e como sempre será.

Um dia, assistindo 500 Dias com Ela, aprendi uma coisa: “Só porque uma garota bonita gosta das mesmas coisas bizarras que você, isso não a torna sua alma gêmea.”. E acho que isso pode ser aplicado na minha vida. 

Eu sei poucas coisas da vida, mas uma coisa que eu aprendi é que o amor pode ser tudo, até não ser recíproco. Sabe, quando a gente gosta de alguém, a primeira sensação é achar que a pessoa também gosta de você. E se não gosta, deveria gostar. Mas não é bem por aí não.
Às vezes a gente tem sorte de encontrar uma pessoa que goste da gente da mesma forma que a gente gosta dela. Mas é às vezes. E nem sempre isso acontece logo na primeira vez. Às vezes acontece na segunda, na terceira, na quarta, ou quem sabe até mais. Taylor Swift sabe muito bem do que eu estou falando.

Eu esperei que você gostasse de mim só porque temos tudo em comum. 
Eu esperava que fosse recíproco o nosso amor, sabe? Sério mesmo. Eu esperava por algo entre nós.
E não veio.
E eu chorei. Ah, como chorei! Eu chorei por uns vinte dias, sabe? Eu chorava na cama, no trabalho, no carro, e principalmente no chuveiro. Lá é um bom lugar para chorar. Sinto que o choro fica mais intenso debaixo da água. 
Acho que nesse quesito, choro, eu seria uma ótima atriz.
Você me fez ir do céu ao inferno em pouco tempo. Mesmo. Mas eu estou bem. Eu sempre fico bem.

Voltei meus pensamentos para minha caminhada. O céu começou a clarear e os raios de sol começaram a se intensificar. Obrigada, Deus
E naquele momento eu comecei a pensar em você com carinho. Mas um carinho bom. Um carinho de tipo, "Só quero o seu bem, nada mais.". E talvez esta seja a melhor e única atitude que eu deva tomar.

Decidi que definitivamente eu deixaria você ir embora. Porque, pra ser bem sincera, sinto que sou eu quem te mantenho preso aqui, nos meus pensamentos.
Decidi que hoje era o último dia que você ocuparia os meus pensamentos e me faria chorar. Hoje. E não amanhã. E não semana que vem, ou mês que vem, ou sei lá quando. Era hoje. Tinha que ser hoje. Deve ser hoje.
Hoje foi o último dia em que me permiti pensar, sentir e chorar por você. E eu espero realmente não estar errada sobre isto.

Eu passei o dia todo pensando em como me libertar de você, e acho que encontrei uma maneira. Depois de tanto tempo chorando e alimentando esperanças, hoje é realmente o melhor dia de finalmente dizer Adeus
Adeus e obrigada por todas as borboletas que você me causou no estômago. 
Mas vou confessar que eu estou vomitando todas elas agora mesmo.




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