quinta-feira, 7 de maio de 2020

Respostas



Muitas vezes a falta de resposta é uma resposta.

Uma das melhores coisas a se fazer é mostrar que se importa.
Mas, quando isso não é relevante, acho que é preciso deixar ir.


Quem diria que eu iria dizer isso, mas chega uma hora que a gente tem que soltar a mão, deixar ir. 
Tem dias que é preciso deixar pra trás, esquecer.
Deixar de lado, ignorar.
Enterrar, e fazer disso passado.

Não achei que seria fácil, mas nem imaginava que seria tão difícil reconhecer que pontos finais existem e preciso começar a dar mais pontos finais em muitas histórias soltas da minha vida.
Mas é realmente difícil quando a cabeça começa a lembrar do primeiro cara que fez meu coração aquecer, e causou borboletas no meu estômago - as quais eu tive que vomitar alguns anos depois -, e que hoje tá lindo, casado, e continua com o sorriso mais lindo que eu já vi em toda minha vida.
É realmente difícil esquecer de todos os outros sorrisos que vieram depois do sorriso mais lindo que já vi.
Aliás, eu vi tantos outros lindos sorrisos, que perdi a conta. 
Mas, sabe como é, né. Existem algumas estrelas que reconhecemos até no mais estrelado céu, e da mesma forma existem sorrisos que, mesmo em uma multidão de tantos outros, reconheceríamos sem nenhum problema.

Esses últimos dias, agora completos trinta dias - e um pouco mais - de uma nova vida de (re)descobertas, eu achei que seria bom reavaliar tudo o que havia deixado de lado. 
Coloquei "no papel" todos os meus sonhos, os meus planos, os meus sentimentos, as minhas paixões, as minhas decepções, e também as minhas ilusões.
No meio de tudo isso, achei uma pontinha, que fui seguindo e seguindo, e quando vi, estava envolvida num puta nó, sem achar a outra ponta, e cheio de outros pequenos nós.

Nós que eu dei, e achei que seria fácil de desfazer.
Mas não está sendo.

Nós de amizade.
Nós de saudade.
Nós de ausência.
Nós de desculpa.
Nós de bobagem.
Nós.

Pela primeira vez - na vida, eu acho, pois nunca me vi fazendo isso antes - anotei todos as pontas desses nós em um papel, e fui escrevendo sobre aquilo.
Alguns já consegui desfazer, e risquei. 
Risquei do caderno, e acho que da vida também.
Outros, coloquei vários e vários pontos de interrogação.
Sei lá.
Nem eu sei explicar.
Deixei alguns nós para trás, e escrevi sobre, mas sem ponto final. Arrisquei - e ainda estou arriscando - pra ver o que pode acontecer.
Um deles consegui desfazer hoje.
O nó de uma saudade.

De treze mensagens enviadas, recebi três de volta.
Apenas três.
Três lixos podres de mensagens completamente vazias e desnecessárias, que, olha, sinceramente, não ter uma resposta seria mais confortável.
E foi aí que reconheci que é era hora de desfazer essa bosta.
Desfiz o nó, e acabei por queimando as pontas dele.
Como?
Deletando o número. Deletando a conversa.

Tem gente que é tipo um nó mesmo.
A gente se vê tão presa, tão junta, tão ali, sabe? Mas a verdade é que a gente só vê uma ponta, a nossa ponta, e não a outra. O nó que criamos não nos permite enxergar além daquilo ali. E por muitas vezes a outra ponta já está solta há tempos, e nem percebemos.
Acho que foi isso que rolou.
Eu segurei a ponta do meu lado por muito tempo, mas não percebi que a ponta do outro lado já estava solta há eras. 

Triste.
Mas é assim.

Queria poder resolver quase todos os meus problemas na base dos nós.
Desfaz, corta, queima, joga fora.
Mas não dá.


E assim estou aqui: desfazendo um nó de cada vez, e buscando respostas para a própria falta de resposta. 

Sigo em frente! 


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