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Meu guarda roupa está uma bagunça.
Não só ele. A cama, a mesa de trabalho, a estante de livros, as músicas na playlist, a cabeça, os sentimentos.
Não só ele. A cama, a mesa de trabalho, a estante de livros, as músicas na playlist, a cabeça, os sentimentos.
Tudo uma bagunça. Uma casa assombrada, repleta de memórias que não são minhas – porque, no fundo, parece que eu não vivi as coisas que vivi.
Cada dia que passa, mais quero ir embora.
Tem dias que quero simplesmente jogar o telefone no rio da cidade, pegar a minha fiel companheira mochila preta, dinheiro, documento, Kindle, um remédio para dor de cabeça, protetor solar, boné, óculos, e ir embora, para qualquer lugar, longe daqui, longe de tudo, de todos, e dele.
Não me falta coragem.
Me falta loucura.
Dias atrás peguei o metrô para voltar pra casa, e eu só conseguia chorar.
Uma pessoa veio em minha direção para me abraçar, e eu só soube balançar a cabeça, negando.
Tem horas que a gente só quer chorar mesmo.
Fiz o caminho de volta para a rodoviária em silêncio, ainda que chorando sem parar.
Duas horas de espera: ônibus com viagem cancelada.
Me peguei andando pela rodoviária, e se eu tivesse ficado mais meia hora passando pelos guichês das companhias... eu teria comprado uma passagem só de ida para uma cidade que nunca ouvi falar - e nem sabia da existência.
Eu realmente fiquei parada no saguão daquele lugar por um bom tempo, e só percebi isso quando saí do transe com um segurança colocando a mão no meu ombro perguntando se eu estava bem, e se precisava de ajuda.
Assustada, agradeci, e saí, em silêncio, desejando mais uma vez não voltar pra casa, desejando não voltar pra realidade, desejando ser quem eu sou de verdade, e não ter que, mais uma vez, mentir e viver uma vida que não parece a minha – mas infelizmente é.
O ônibus, depois de duas horas e meia, chegou, e mais uma vez fui obrigada a voltar.
Voltar pra toda essa realidade de merda, que me cansa, me suga, me mata um pouco a cada dia que se passa.
A minha casa é assombrada. São meus esses fantasmas.
Por onde quer que eu vá, comigo sempre vou levar.
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