sábado, 5 de novembro de 2016

Vinte e três

Este não foi o melhor aniversário de todos, mas foi o melhor que poderia ser.

Uma vez, assistindo Harry Potter, o próprio questionou Hermione sobre as vezes em que eles planejaram algo e deu certo.
Fiz planos demais para meu aniversário, mas sempre que faço planos, eles se esvaiam, e acaba tudo acontecendo, assim, no susto, ou improvisado e despretensioso.
Não foi um dia de sol, nem de calor. Foi um dia de chuva, e frio.
Foi um dia em que senti o vento bater no rosto, tomei um chocolate quente e comi um maravilhoso pão de queijo quentinho. Tomei chuva, caminhei, comprei um anel, chupei um sorvete e ouvi minha música preferida no rádio. 
Foi um dia em que eu coloquei o que deveria ter colocado há algum tempinho atrás: ponto final em tudo o que precisava de um fim.

Ano Novo, para mim, não é dia 01 de Janeiro.
Ano Novo, para mim, não é quando o calendário muda.
Nem quando soltam fogos ou usam branco.

Ano Novo, para mim, é justamente quando faço aniversário. 04 de Novembro sempre é ano novo!
Gosto de pensar em ano novo assim, como um "novo ciclo", e nada melhor que aniversário para causar essa sensação.
Por exemplo, meus dezoito anos foram bem doidos. Primeiro ano de faculdade, primeiro romance, primeiro porre, primeiro esporro por chegar bêbada, primeira porrada de coisas novas. 
Meus dezenove foi bem pesado. Os vinte, divertido. Os vinte e um, foi de autoconhecimento. Os vinte e dois foi de aprendizado. 
E os vinte e três, espero que seja incrível.
Todos eles tiveram momentos incríveis e momentos mais ou menos.
Todos eles tiveram dias bons, e dias ruins, e foi daí que tirei o mantra da minha vida: Ter dias ruins para valorizar ainda mais os bons!

Vinte e três anos.
Nossa. E pensar que eu achei que minha vida deveria ter acabado aos quinze, quando tive minha primeira decepção amorosa. E pensar também que eu queria morrer aos dezesseis. Achei que ia morrer aos dezenove, quando sentia uma dor horrível no corpo e só vomitava, mas aí descobri que era só uma pedra nos rins, e tudo ficou melhor.
Achei que ia morrer dias desses, e confesso que comecei a pensar que ia morrer mesmo, porque estava tudo tão difícil. 
Mas, eis-me aqui, sobrevivendo com classe e com coragem, força e maestria todos os meus dias ruins. Estou aqui, saindo "ilesa" e cada vez mais amadurecida de cada tempestade, de cada dia ruim, de cada topada na parede e de cada praga que parecem ter jogado pra mim. Tenho superado todos os dias ruins com um sorriso no rosto. Nem sempre espontâneo, mas muito deles necessários. Tenho chorado, sorrido, entrado em desespero, mas superado, tudo até hoje.
E só tenho a agradecer a Deus por isso. E a minha família, que, apesar dos apesares e apesar de tudo, é minha família, e me ama acima de qualquer cagada que sempre dou. E aos meus amigos, porque amigo é amigo, e filho da puta é filho da puta. E "filho da puta" não é amigo, não. É filho da puta mesmo.

Vinte e três anos.
Comecei me livrando de algumas lembranças, de alguns apegos, de coisas que me atrasavam, pessoas que me menosprezavam, e colocando ponto final onde precisava.
Deixei o que aconteceu no passado lá no passado mesmo. Não quero relembrar, nem remoer, nem tentar reviver coisas que já aconteceram, e hoje não são mais presentes na minha vida.
Não quero forçar nada, nem tentar nada que não seja válido, ou ao menos que não pareça necessário. 
Não quero perder tempo com algo que não tem tempo para mim. Algo ou alguém, exatamente. 
Não quero mais insistir no erro, nem perseverar no que não tem fundamento.
Não quero me perder. Desta vez, quero me encontrar.
Quero fazer o que gosto, e não o que sou obrigada.
Quero ouvir mais, falar mais, dar mais, sentir mais, receber mais.
Quero coisas boas, e ruins também, pois elas amadurecem o ego. 
Quero um oceano de coisas boas, e que eu me afogue nele, mas que não morra, para poder aproveitar cada momento com o coração e a mente abertos.

Meus vinte e três anos foi um amor. 
Meu melhor amigo saiu de onde tinha que sair e veio até mim, e me presenteou com duas coisas bem amor. 
Incrível como ele me conhece tão bem, que acertou em tudo. Comprou uma pizza do nosso sabor favorito, bebeu a nossa cerveja, riu do nosso jeito, e foi tudo tão incrível, tão doce, tão mágico, que eu juro pela minha vida, que eu vou fazer de tudo para tê-lo comigo, ao meu lado, em vários e vários outros aniversários! ♥
Minha irmã me deu um bolo. Ela me conhece tão bem que acertou desde o recheio, até a cobertura.
Minha mãe (e minha irmã também) me deu um tênis. Ela me conhece tão bem que sabia que eu precisava de um novo para a caminhada.
Meu pai me deu meu perfume preferido. Ele me conhece tão bem que sabia exatamente o que eu queria.
Minhas avós e minha tia me deram coisas aleatórias, mostrando seu carinho, e de quebra, ganhei algo com enfeite de gatinho. Preciso comentar que elas me conhecem tão bem também?

Já quis sumir, já quis fugir, já quis morrer. E já quis nunca existir também. 
Mas vendo esse carinho que eles têm por mim, me faz calar a boca, fechar os olhos, pedir perdão à Deus e agradecê-lo por estar viva. 

Obrigada, Deus, por tudo. Mesmo.

Meu dia resumido em fotos. ♥

 

Que seja doce! 

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