sábado, 11 de novembro de 2023

Quebrada



Ainda não consegui juntar os cacos que estão espalhados por aí de mim. 
Os que juntei, não colam mais.
Está podre, fraco, frágil, pronto para ser jogado no lixo.
E me sinto assim: jogada no lixo.

Eu finjo que está tudo bem, mas a verdade é que não está nada em ordem. 
Não tem nada bom. 

Me sinto sozinha.
Me sinto esquecida.
Me sinto abandonada.

Não tem um dia sequer que eu não chore, ou me perca imaginando como seria minha vida se não tivesse cruzado com a maldita pessoa anos atrás.

Me sinto paralisada, presa no chão com cimento, e não consigo dar um passo pra frente.
Sempre que tento, me afundo cada vez mais na minha própria insegurança e incerteza. O medo ainda me consome. A raiva também.

Pela primeira vez em três anos consegui falar para outra pessoa, que não a psicóloga, sobre o que aconteceu comigo. E a experiência foi a mesma: "Está na hora de você seguir em frente."

Eu acredito em ciclos, e que precisamos encerrar alguns para que outros comecem, mas algo sempre me trava, me puxando para trás.
Ainda ecoa na minha cabeça aquele maldito áudio: "A próxima pessoa só vai ficar ao seu lado por dó, Jeyse. Você sabe disso.".
E é exatamente assim que sinto quando qualquer pessoa se aproxima de mim: pena, dó.
É mais fácil acreditar nas coisas ruins, né.

A verdade é que eu estou me sentindo um lixo, usada, uma droga, uma bosta, uma idiota, uma péssima pessoa, uma otária, uma merdinha qualquer.
Não adianta amigo ou irmã dizer que eu sou uma pessoa incrível, porque tudo o que eu sinto quando me olho no espelho é uma péssima pessoa.

E mais uma vez estou eu aqui, mais um final de semana em casa, sozinha, chorando, e cansada. Cansada de tudo.
Eu só queria sumir.
Mas às vezes só queria também encontrar alguém pra juntar meus cacos e dar na minha mão dizendo: "Toma, Jeyse. Consertei pra você."

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