quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Eu, você, e um mapa



Vi seus olhos e, como sempre, me perdi nos pensamentos e na vida que criei para nós dois – dentro da minha cabeça, apenas.
Uma história completa de nós dois juntos, que, se fosse um livro, poderia ser facilmente lançado como um box, com oito – ou quem sabe dez – volumes.

Toda vez que toca Cruisin', imagino a gente dentro de um carro, com aquele sol de Dezembro nos nossos rostos, nos obrigando a cobrir os olhos, olhando um para o outro, completamente perdidos, pois resolvemos viajar com um Mapa das Estradas de 2004, ao invés de seguir a rota do GPS do celular, porque, segundo a minha teoria, seria mais divertido, e você, como sempre, riu, ouviu e caiu com tudo na minha ideia de jerico.
Uma furada completa!
Mas a gente ri.

Rimos porque estamos juntos, no final de tudo – e no começo e meio também.
Não tem como não amar nós dois. 

A gente se dá bem. A gente se conecta como nunca se conectou com outra pessoa, e sabemos muito bem disso, porque o silêncio que fica entre nós não é constrangedor, e todo e qualquer acontecimento ou detalhe, vira um podcast quando resolvemos conversar sobre.
A conversa flui, a risada se estica, e o sorriso não acaba, mesmo quando eu sinto raiva por algo que você faz, ou quando você sente raiva de algo que eu faço, porque, segundo você, essa história de signo é tudo balela, mas depois de olhar meu Mapa Astral e pesquisar uma coisa e outra, você chegou a conclusão que eu sou uma Escorpiana nata, e você, um ser organizadinho, autocrítico, metódico e pontual, que equilibra perfeitamente com meu jeito esquecido, desorganizado e sistemático de ser, o que não faz sentido, mas com a gente... faz.

Você quer mais um final de semana de trilha, escalando montanha, dormindo em barraca no meio da natureza, enquanto eu só quero mais um final de semana fazendo algum passeio cultural, conhecendo um museu secreto, ou andar pela rua tirando fotos de árvores e ouvir música de qualidade duvidosa, porque eu gosto de bandas que você não aguenta trinta minutos ouvindo, mas não se importa quando eu ligo o volume da televisão no último para ouvir All Time Low.
Você quer subir na moto e percorrer mais algum quilômetros na Serra, sentindo a brisa no rosto, enquanto eu prefiro ir de carro, porque na Serra sempre chove, e Deus me livre passar frio sem motivo!

A gente é tão diferente, mas se completa, combina. Tem algo entre nós que dá a liga, que faz acontecer, e eu acho que isso é o amor.

Mas aí, de repente, sinto um esbarrão no meu braço, e não sei quanto tempo passou desde que olhei nos seus olhos, porque você ainda me encara com um olhar de dúvida, e eu não sei quanto tempo fiquei olhando para você, mas a única coisa que eu consigo fazer é esboçar um sorriso e dizer: "Bom dia!".

E então, volto para a maldita realidade da minha vida, que é acordar e viver mais um dia sem você.
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