quarta-feira, 31 de julho de 2019

Lembranças (e uma saudade que não passa)

Anos e anos se passaram, mas sempre me lembro de Julho com um aperto no peito.
Sempre Julho é um mês para eu me lembrar de como as coisas são passageiras e estão completamente fora de nosso controle.
Julho sempre me faz recordar que: quando se tem que fazer algo, então é necessário que se faça logo, se não, pode ser meio tarde, né?



Se eu for fazer as contas, já se passaram mais de cinco anos que ele se foi. Já se passaram seis anos desde a última vez que o tive no alcance de meus olhos, e perto do meu corpo.
Ele não morreu.
Ele só foi embora, e nem tem previsão de quanto volta.
A sensação de saudade não é a mesma, mas dói tanto quanto saber que nunca mais irei vê-lo..

Ainda me lembro como se fosse ontem a primeira vez que o vi.
Os seus olhos claros, seu cabelo, seu sotaque... Era tudo tão diferente, tão encantador e único.
Me lembro quando dançamos juntos. Eu poderia ainda viver anos, e jamais esqueceria daquela música, daquela noite, daquele momento.

Sou tão boa com memórias e recordações, que tem tanta coisa, tanto detalhe que eu lembro, que eu desejaria que fosse assim para sempre.
Lembro da vez que almoçamos juntos. Aquela correria do trabalho, que a gente acaba dando um jeito de dar um pulo e almoçar fora.
É como dizem: Quando a gente quer, dá um jeito.

Eu dei um jeito para tanta coisa! 
Mas não dei jeito para lidar com meus sentimentos. Nem para despedida. 

Como você se sente quando aquilo que você mais quer começa a se tornar realidade?
Eu, que tanto imaginava esses amores de cinema, de livros, de tirar o fôlego, causar arrepios e calafrios, me assustei quando bateu à minha porta.
Imaturidade, insegurança, medo, euforia.
Era uma mistura de sentimento, que não sabia reagir.
E reagi da maneira mais inusitada, ridícula e infantil: sumi
Sumi, me afastei (e com isso o afastei também), tentei esconder, chorei, me irritei, e bebi. 
Acho que foi uma das épocas mais doidas que eu enfrentei na vida. 

Pra curar algumas mágoas e tristezas, vazio e saudade, bebi. Bebi, tentei me divertir, esquecer dele, esquecer da gente, e tentar ignorar aquele sentimento que eu nem sabia bem o que era. 
E tudo o que eu consegui foi reprovar uma matéria na faculdade, e alimentar mais ainda minha raiva pelo desencontro da despedida e por não ter falado nada o que sentia.

De tanto guardar coisas, quase me afoguei nos sentimentos.

Lembro quando o vi, depois de tanto tempo fugindo, me escondendo e afastando. 
Foi como paixão à primeira vista, de novo.
E à quantas mais vistas houvessem para acontecer. Eu sempre me apaixonaria por ele. Eu sempre balançaria por ele. Meu coração sempre bateria mais forte por ele. 
E foi assim. 
Foi naquela noite, quando vi ele do outro lado da rua, passando sozinho sobre seu skate, que eu soube, que eu percebi o grande erro que havia cometido, a grande chance que eu havia desperdiçado.

Por que que tudo isso foi acontecer, justo dessa forma?
Não sei.
Só sei que sinto saudade da forma como conversávamos. Saudade do tempo em que a gente varava a madrugada tentando se comunicar via ligação, e acabávamos sempre no Skype.

Já se passou tanto tempo, mas, ainda consigo sentir o cheiro do seu perfume, o peso do seu abraço e o gosto do seu beijo. Se fecho os olhos, consigo ouvir sua voz, assim, como se estivesse aqui.

Mas, de um tempo pra cá as coisas não são mais como antes, e eu acho que a vida é assim, né. 
Um dia as coisas são de um jeito, e no outro elas mudam, e assim vai, mudando, girando, surpreendendo, deixando saudade, aperto no peito, mas ela sempre precisa continuar. 

E ela está continuando.
Eu aqui, vivendo, crescendo, fazendo - finalmente - algo que eu gosto de fazer, tentando recomeçar a cada dia.
E ele lá, alguns países acima de mim, vivendo a vida dele, recomeçando, descobrindo novas pessoas, novos gostos...
E nisso a gente vai se esquecendo, se afastando, deixando de lado velhos sentimentos, velhas lembranças, e guardando tudo apenas na memória.

Tudo se esfriou. 
Tudo se desmoronou.
Tudo se acabou.
Eu queria tanto, de verdade, que a gente tivesse dado certo. 


Mas a vida, e os amores precisam sempre continuar.

Mesmo que não seja com quem a gente quer.
Nem como a gente quer.
Nem como a gente sempre sonhou.

Uma oportunidade perdida, é uma oportunidade perdida.
Inclusive no amor.



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