sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Desintoxicação

Ontem eu fechei os vidros da janela do meu quarto, apaguei as luzes, liguei o pisca-pisca, arrumei três travesseiros, me enchi de cobertas, e decidi que era dia de dormir até tarde.


Hoje eu acordei com aquele pensamento: "Não deveria ter dormido tanto assim.", mas, sinceramente? Depois de tantos dias trabalhando, fazendo faxina aos sábados e me privando de momentos à sós comigo mesma, eu acho que precisava mesmo de uma sexta-feira assim.

Acordei tarde, e passei o resto do dia com a cara amassada.
A menstruação adiantou, e eu não percebi os sinais.
Mas, está tudo bem.

Hoje comi uma panela imensa de purê de batatas preparada pela minha avó.
Essa é a vantagem de ter operado o dente e pedir colo pra alguém. Não que minha mãe não faça isso, até porque ela é incrível, mas têm dias que dá saudade sim de ser criança e sentar no colo da minha avó, enquanto ela passava suas unhas pelos meus cabelos. 
Se eu fechar os olhos agora mesmo... eu consigo ter essa sensação aqui, comigo.

Hoje decidi que não sairia de casa depois do almoço.
Iria, finalmente, aproveitar meu último dia da tradicional mini-férias
Que delícia!

Hoje eu fiz uma terapia de desintoxicação: eu não fiquei online. 
Eu não respondi mensagens desde ontem à noite, nem li as pessoas que me procuraram através do ateliê, não quis pensar em problemas, nem me estressar.
Hoje eu não pensei em pessoas que não deveria pensar, nem imaginei coisas e situações que não deveria, mas queria imaginar.
Hoje eu não criei histórias, nem cenários ou diálogos.
Hoje eu só vivi os meus. Os reais.

Hoje eu li três páginas de um livro, que, por fim, desisti de continuar pois ainda procuro uma história tão bela, envolvente e perturbadora quanto "O Jardim das Borboletas".
Hoje eu terminei a série Revenge, e me sinto completamente vazia.
Hoje eu tomei quase três litros de água, chupei sorvete, lavei meus cabelos com o melhor e preferido shampoo e condicionador.

Hoje eu sentei no quintal de casa e senti o vento forte no rosto. Sinal de chuva, eu acho.
Olhei a copa das árvores e como elas se balançam. Quanto tempo eu fiquei parada só vendo?
Hoje eu pensei na minha vida, nos meus dias, e senti medo. Medo do que está por vir, medo de morrer cedo, de perder logo quem eu amo, de não conseguir ser, ter, fazer nada. Medo que precisava ir embora logo, e só foi embora com um copo de vinho de pêssego, guardado à sete chaves na geladeira.

Interrompendo o tratamento com antibiótico para tomar vinho de pêssego?
Sim, senhor!

Hoje eu fiz aquela terapia que deveria ser uma regra pra vida: desintoxicação.
Esquecer de tudo, e de todos. 
Esquecer das pessoas, das contas, dos problemas, dos estresses, dos desafios e tormentos. 
É claro que falar é tão simples e fácil, mas fazer é tão difícil, mas posso dizer que consegui superar o dia de hoje e estou tão, tão feliz!

Eu queria poder tirar mais dias assim, pra mim.



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