domingo, 17 de março de 2024

Amor é sorte



Eu amo estar apaixonada. 
Eu amo essa sensação de frio na barriga, de saudade, de vontade, de paixonite, de apego.
Gostoso demais passar um dia todo na expectativa, na ansiedade pela pessoa, e continuar com um sorriso bobo no rosto.

É bom quando a gente tem um motivo para sorrir, e melhor ainda quando esse sorriso tem nome e sobrenome.

Não tem coisa mais gostosa do que compartilhar músicas, histórias, filmes, fofocas, e até teorias da conspiração envolvendo a família real.
É bom demais.

Mas também é desgastante quando você percebe que não era amor, mas sim carência.
Às vezes não é paixão, é só falta de alguém mesmo ao lado.
E é nessas horas que a régua abaixa, e a gente parece aceitar qualquer migalha de atenção, de carinho, de afeto.

Há anos essa mesma tecla tem sido apertada: "Se ame." 
Se ame. Ame você. Ame quem você é. 
Mas a verdade é que a gente quer ser amado, quer ser cuidado, quer ser mimado, quer que alguém sinta saudade e mande mensagem de madrugada.

Essa á a verdade.

A gente quer amor de verdade.
E como é difícil encontrar alguém legal na vida, né?
É como dizem: amor é sorte.

Às vezes a gente dá sorte de encontrar alguém nessa jornada que é a vida. Às vezes, a gente até encontra, mas não vale a pena. 
Às vezes, é a gente quem desperdiça, joga fora, deixa passar.

No começo do ano, fui em um Museu, onde estava acontecendo uma exposição interativa, a qual você poderia escrever um desejo na "Árvore dos Desejos".
Li o anúncio, e ri sozinha.
Peguei um papel e uma caneta, e escrevi.
Escrevi chorando. Preguei o papel rindo.
Bem adolescente. 
Escrevi meu nome e o dele num papel, com a seguinte frase: "Que a minha vida e a vida do X possa se cruzar, de uma forma ou outra, e nunca mais se separar.".

Nesse dia eu caminhei por duas horas em Curitiba.
E eu chorei por duas horas.

A cada dia sinto que minha vida está mais longe ainda dele.
Cada dia parece que estamos mais distantes, mais desconhecidos, e que a nossa vida não vai se cruzar nunca.
E, para ser sincera, eu até acredito nisso.
É mais fácil acreditar que tudo vai dar errado, do que na possibilidade de um milagre divino nos unir.
Às vezes acho que Deus não perderia sua preciosa graça e tempo me concedendo esse milagre.

Em três meses e meio, eu já chorei mais do que 2023 inteiro (com exceção do mês de Novembro, pois o Retorno de Saturno foi completado, e me causou certas emoções).

Eu não aguento mais chorar.

Eu quero chorar, eu quero gritar, eu quero sumir.

Às vezes eu quero simplesmente sumir: comprar passagem de ônibus para um lugar aleatório, tirar o chip do celular, sacar dinheiro no banco, e estourar o limite do cartão de crédito.
Quero acordar na praia e passar o dia num museu.
Quero fotografar a galáxia. Quero ver cometas.

Quero começar a vida do zero, só com o dinheiro que tenho guardado – e que é pouco – num lugar em que eu não conheça ninguém, e ninguém me conhece, e deixar meu nome para trás, e usar somente "Cristina".
Ou Alice.
Ou trocar por Bruna.
Nunca Bianca.

Tem dia que dá vontade de tudo.

Tem dia que dá vontade de tanta coisa.
Mas no fundo, nada acontece.
Não sumo - por causa das obrigações, e pela falta de loucura (porque coragem tenho de sobra) -, não morro, não mudo.
Permaneço nesse casulo, cansada, exausta, e esperando o momento certo de desaparecer do mapa.

E com vontade de compartilhar de novo a vida com alguém, ainda que, apesar de, mesmo que...

Pois é.

Tem dias que só um amor resolve.

– ou uma mensagem de bom dia.

Puta que pariu.
Eu tô cansada de chorar.
Pra caralho.
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