Eu gosto de recomeços, ainda mais quando a oportunidade de recomeçar vem no primeiro dia do mês ou da semana.
Gosto da numerologia que carrego comigo, apesar de não entender muita coisa. Assim como gosto do meu signo, e ainda mais quando ele faz sentido quando paro para analisar minha lua e ascendente. Ainda que também não entenda muito sobre, várias coisas fazem sentido quando ligo os pontos e conecto certos detalhes.
Gosto do número 19. Talvez porque ele tenha sido meu último número na chamada do Ensino Fundamental, onde todo mundo me conhecia pelo nome – escola pequena é boa e ruim ao mesmo tempo; ser a única Jeyse da escola também –. Gosto de quinta-feira, e descobri, anos depois quando fui fazer meu mapa astral, que foi o dia que nasci.
Novembro... eu amo esse mês! Como não odiar meu aniversário sendo "colado" com um feriado - que geralmente é prolongado -, e ainda curtir mais três feriados depois dele? Levando em conta que é feriado na cidade onde moro, feriado nacional (um seguido do outro, literalmente dois dias em off) e mais um feriado que foi implantado no estado de SP todo de pouco tempo.
Como não amar Novembro?
Em todo caso, estou desalinhada.
Desalinhei meu chakras, e eu não entendo nada disso.
Só sei que estou desalinhada. Não me reconheço em pequenos detalhes, nem nos grandes. Me olho no espelho e continuo sendo eu, ainda que não seja.
Uma chave virou na minha cabeça quando fiz 30 anos, e o Retorno de Saturno fez uma mudança muito drástica por aqui: eu não aguento mais ficar nessa carcaça, nessa máscara, nessa cidade de merda.
Eu não aguento mais.
Simplesmente não posso usar todo meu dinheiro, uma poupança de uma vida inteira (risos, pois gastei muito com saúde e uma viagem para Curitiba), jogando "tudo" pro alto e comprando uma passagem só de ida para Curitiba. Simplesmente não posso sair, sem olhar para trás e simplesmente morar em algum lugar. Infelizmente não posso.
Queria que por algum tempo a vida por aqui fosse fácil como em alguns livros que ando lendo pelo Kindle. Sei lá. Seria bom.
Me sinto péssima. Sorrio, dou gargalhadas altas, flerto como posso, ouço o que gosto, respondo como quero - e me arrependo depois -, leio o que quero, e finjo estar feliz. Mas eu não estou.
Tem um buraco dentro de mim. Na verdade, nem é um buraco, mas sim um abismo. Um abismo fundo, escuro, solitário, pronto para me engolir a qualquer momento.
Tento ocupar minha cabeça com livros. Infelizmente essa é a verdade, visto que não consigo ir na Igreja sem pecar, olhando com ódio para pessoas que deveriam ser minhas amigas - mas não são. Não me sinto mais acolhida no lugar em que chamava de Casa.
Sei que deveria ser grata pelo que tenho, porque, realmente eu tenho muito e tem gente que não tem, mas meu Deus, eu quero estar no direito de reclamar e querer mais! Eu tenho esse direito, e não acho justo que viva apenas reprimindo minha raiva e meu ódio, e não me queixe pelas coisas básicas, como conseguir reatar amizades antigas e fazer novas, sendo que ao mesmo tempo que pareço ter um monte de coisas para falar, aparentemente ninguém parece querer conversar comigo.
E então me sinto nesse buraco de novo, mais uma vez, como há quinze anos, onde eu chorava sozinha enquanto ouvia música e blogava por aqui e descobria coisas novas no MySpace.
Merda.
Eu conheço muito bem esse abismo.
A minha meta para o mês de Maio é sumir de redes sociais e me tornar uma pessoa que não compartilha nada, não posta nada, não palpita nada, e vive no seu mundinho, ouvindo músicas, lendo livros, tirando fotos, trabalhando e caminhando.
Meus chakras precisam se alinhar de novo.
Preciso voltar a me afastar desse abismo, desse escuro, dessa fossa, dessa lama movediça que meu interior se encontra.
Como? Não sei. Mas acho que qualquer coisa que eu faça de bom pra mim a partir desse primeiro dia de Maio pode melhorar a minha vida.