Abri meus olhos, e mais uma vez a escuridão do quarto só não foi maior pela claridade do dia que já começava a entrar pela janela.
Movi meus braços pela cama e esbocei um sorriso, estúpido, ingênuo, e sem credibilidade alguma: queria não estar sozinha.
Mais uma vez, a mais conhecida das sensações, resolveu fazer uma visita pra mim: a solidão.
Como é desafiador gostar de alguém. Como é complicada - ainda que gostosa - essa sensação de sentir algo por alguém, ainda mais por alguém que até tempos atrás não fazia parte da sua vida, e que agora já não dá mais tanto para imaginar a vida sem.
Mas também é assustador.
Mais uma vez me pego pensando em todas as possibilidades de tudo acabar - antes mesmo de ter começado oficialmente -, e em como a minha cabeça reagirá, outra vez, com a solidão.
Uma vez, uma pessoa me disse que eu nunca mais teria alguém do meu lado que iria gostar de mim de verdade, afinal, estar comigo só seria por interesse, por facilidade ou pena.
Infelizmente, acreditar nas coisas ruins são mais fáceis que acreditar nas boas, e eis que mais uma vez minha cabeça caiu na armadilha da dignidade: "Eu sou digna disso?", "Isso é verdade, ou é puro interesse?".
E cá estou, mais uma vez, caindo no abismo das dúvidas, da insegurança, do medo, do nervoso. Sinto que estou pisando em ovos - ainda que não esteja (ou esteja sim?) -, com medo de acreditar e permitir o amor, já sabendo que o próximo passo depois de me entregar à uma paixão, é me ferrar.
Já me disseram que minha energia é pesada. Já me disseram também que sou entediante. E ainda que me digam o quão incrível sou, tem dias que minha cabeça só consegue pensar em merda e acreditar em coisas negativas.
Saco, saco e saco.
Assistindo, pela milésima vez, Fleabag, percebo que eu também só quero ter alguém que me diga como viver a minha vida, porque a sensação é que tenho feito tudo errado.
Pela primeira vez, em muito tempo, eu resolvi deixar alguém entrar na minha vida, e estou disposta a permitir sentir e viver isso.
Mas, será que ele vai ficar? O medo me corrói, a cabeça dói, e mais uma madrugada fico a pensar que a qualquer momento, ele vai embora, porque, verdade seja dita, todo mundo vai. Ninguém fica. Ninguém nunca ficou.
Seria ele alguém que ficaria por aqui?